O ENSINO DE MÚSICA: Teoria e prática, um
convite ao Aprofundamento.
Música? Teoria?
Prática? Como assim? As perguntas surgem como possibilidades para mover
pensamentos, atitudes, palavras, ações. O ser humano tende a ter curiosidades
pelo desconhecido e assim, talvez surja à necessidade de respostas. Por isso,
as perguntas podem favorecer o crescimento, e a ampliação do conhecimento.
Conforme Andrade, (2006, p. 24), “Lançar uma dúvida é, simultaneamente,
despertar a curiosidade”.
Em meio às
interrogações, uma alternativa é recorrer ao dicionário como uma fonte de
pesquisa sobre as palavras que não se sabe ou se tem dúvida sobre o seu
significado. Mas será que toda palavra é definida em sua totalidade por aquilo
que o dicionário diz? Este questionamento é vem à tona em torno de certas
palavras que pela complexidade que apresentam, podem ultrapassar o limite da
definição.
A palavra
Música, por exemplo, é contemplada no dicionário Ferreira, (1986, p. 448), como
“Arte de combinar os sons”. Esta definição pode gerar certo incômodo, afinal, o
próprio conceito de Arte é de extrema complexidade para arte/educadores,
pensadores, cientistas, etc. Definir a música como a arte de combinar os sons,
é uma questão inquietante, pois se música é arte, arte, como substantivo,
possui definições complexas na atualidade.
Mas afinal, o
que é Música? Esta é a pergunta que ressoa e insiste em suscitar incômodo. Será
que a música limita-se aos sons? Quando se lê uma poesia, ouve-se o mar, ou
imagina-se uma paisagem, ouve-se o som do relógio, ou mesmo o som do silêncio,
podem ser considerados como música? Moraes (1986 p. 7) aventura-se sobre a
definição deste questionamento quando salienta,
Pois música é, antes de tudo, movimento. É sentimento
ou consciência do espaço-tempo. Ritmo; sons, silêncios e ruídos, estruturas que
engendram formas vivas. Música é igualmente tensão e relaxamento, expectativa
preenchida ou não, organização e liberdade de abolir uma ordem escolhida;
controle e acaso.
No que concerne
ao ensino de música, talvez, seja complexo vislumbrar uma única definição. Porém,
é importante ressaltar que mesmo diante dessa complexidade observa-se a
necessidade de cada vez mais discutir, compartilhar experiências, buscar
referências teóricas e ainda, refletir sobre as possíveis estratégias, ou rumos
a serem seguidos para o ensino de música, e os possíveis significados
atribuídos a ele.
Um tema muito
pertinente na educação musical, talvez seja a teoria e prática. O estudo de
teoria musical, de repente, pode gerar incômodo, medo, dúvida, dentre uma série
de sentimentos inquietantes nos estudantes.
Muitos alunos de
música, pelo menos, muitos dos relatos que tenho observado nestes 10 anos na
sala de aula, ora consideram a teoria musical difícil, chata, desnecessária,
ora não veem muito utilidade prática, ou não percebem a prática na teoria e
vice versa, como se tocar um instrumento e vivenciar a notação musical fossem
mundos completamente distintos. Olhem só o que o escritor Fernando Pessoa pensa
sobre teoria e prática:
Toda a teoria deve ser feita para poder ser posta em
prática, e toda a prática deve obedecer a uma teoria. Só os espíritos
superficiais desligam a teoria da prática, não olhando a que a teoria não é
senão uma teoria da prática, e a prática não é senão a prática de uma teoria.
Quem não sabe nada dum assunto, e consegue alguma coisa nele por sorte ou
acaso, chama «teórico» a quem sabe mais, e, por igual acaso, consegue menos.
Quem sabe, mas não sabe aplicar - isto é, quem afinal não sabe, porque não
saber aplicar é uma maneira de não saber -, tem rancor a quem aplica por
instinto, isto é, sem saber que realmente sabe. Mas, em ambos os casos, para o
homem são de espírito e equilibrado de inteligência, há uma separação abusiva.
Na vida superior a teoria e a prática completam-se. Foram feitas uma para a
outra.
Desta forma, é muito importante que o processo de conhecimento
e aprendizagem estejam interligado a dois fatores importantes, as vivências, ou
seja, o que é sentido, e as simbolizações, o que é pensado, pois, o sujeito vê
significado em aprender o que considera importante e necessário para sua existência.
No que diz respeito aos guerreiros da música, utilizo este
termo pois, quem se arrisca com a música, sente a alegria, a satisfação, mas
precisa ser forte, maleável, insistente, desafiador, afinal de contas, os
desafios e dificuldades estão postos a prova por você mesmo. O palco musical é
seu e seu maior adversário, você mesmo, com suas dificuldades, seus medos, seus
desafios.
Aos homens e mulheres de fibra, toco num assunto muito
importante, trata-se da superficialidade. Sim, esse termo foi dito por Fernando
Pessoa acima, e Bohumil Med, um grande escritor salienta nas entrelinhas do seu
texto. A escolha pela superficialidade muitas vezes, leva à limitação, ao regresso,
ou mesmo, ao desinteresse:
“ Alguns instrumentistas limitam-se apenas a dominar a
técnica de seu instrumento. Estes nunca irão atingir a perfeição, pois, além da
habilidade mecânica, o músico precisa ter o domínio de toda ciência musical,
que se estrutura em várias disciplinas: ( teoria ( básica) da música, solfejo,
ritmo, percepção melódica, ritmica, timbrica e dinâmica, harmonia, contraponto,
formas musicais, instrumentos musicais, instrumentação, orquestração, arranjo,
fisiologia da voz, fonética, psicologia da música, pedagogia musical, história
da música, acústica musical, análise musical, composição, regência e técnica de
um ou mais instrumento musicais específicos. Essas disciplinas, também chamadas
de teoria geral da música, são um meio e não um fim. No entanto, são um meio
indispensável.
Sim, o universo
musical é amplo e exige de nós, caso não queiramos ser superficiais, muita
dedicação. Desta forma, convido aos alunos da School of Rock ao aprofundamento,
ao questionamento, à alegria afeiçoar-se a aperfeiçoar-se, como diz meu
professor Alberto Sampaio. Sejamos criativos, curiosos, questionadores, e muito
mais que instrumentistas, mais do que isso, Músicos.
Temos uma nova
proposta nas aulas de teoria musical da School of Rock. Trata-se de uma aula de
percepção musical onde os aspectos teóricos serão vividos no corpo, na voz, nos
próprios instrumentos musicais. Será uma aula lúdica, com brincadeiras e muitos
sorrisos. Vivenciaremos a música impregnada em nossos corpos. Criação,
Execução, Apreciação, esses serão nossos pilares em todas as aulas de percepção
musical. Ditado, solfejo, ritmos, ação combinada, apreciação musical, e muito
mais.
Os alunos farão
a teoria online, oferecida pela escola, e nas aulas de percepção musical
vivenciaremos, sentiremos, interligaremos teoria e prática. Os cartões do Educa
Music nos ajudarão a dar suporte para nossas aulas para chegarmos com a teoria
engatilhada em nossa memória e os sentidos corporais sedentos pelas experiências
musicais.
O que acham? Topam? Foi um prazer!
Beijos,
Nayara Faustino Nogueira.
Professora na School of Rock.
Referências
REFERÊNCIAS:
ANDRADE,
Fabrício. Arte-Educação: Emoção e
Racionalidade. São Paulo: Annablume; Belo Horizonte: Facisa, 2006.
FERREIRA,
Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário
Aurélio Básico da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988.
MED, Bohumil. Teoria da Música. 4 ed. Brasília:
Musimed, 1996.
http://www.citador.pt/textos/teoria-e-pratica-fernando-pessoa
- acessado em 11 de dezembro de 2013.
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